“Quando um economista fala de economia, geralmente
está ligado aos bancos”. Considero preocupante a expressão econômica do
economista e professor Dutra Sobrinho, gravada pelo Jornal Gente na edição de
31/10/2015. Haverá que digerir a
confissão com extremo cuidado para não cair na tentação de bardos ataques, ou por
defesa ou por retaliação do dito em ambiente de entrevista ao jornal.
Evidentemente, todos nesta santa terra somos
conduzidos pela ansiedade que provoca a pressão. O homem público carece de essas pressões
ainda mais que o individuo passivo. Independente nem sequer o foi Robinson
Crusoé na sua bela ilha da fantasia, o qual recorreu ao auxilio do registro
gráfico para conhecer o saldo diário na sua relação com o sol. Também não foi
independente Moisés a quem o Senhor determinou que Arão fosse seu embaixador.
Alí Babá teve sua astucia dependente dos quarenta ladrões, os quais
entesouraram uma enorme fortuna na cova Sésamo.
Os economistas não podem ser diferentes. Os
economistas devem agir com cada vez mais força. Devem empunhar a arma da
contabilidade aritmética para descobrir os rombos entre a receita e a despesa e
atribuir responsabilidade ao verdadeiro responsável, quem, pelo principio da
unidade de comando, todos sabemos que é.
Esse Uno indivisível é o único Deus da liturgia
econômica capaz de ditar a obrigação de pagar e o direito de recolher. Não
obstante, na ordem dos Gastos a competência está mui acirrada e se observa a
existência de três anjos competindo com a ordem divina no mesmo nível de entronação.
Todos ditam despesas. No decorrer dos anos se
observa que os gastos do Estado crescem mais que os gastos em um estado de
guerra. Parece um crescimento sem fim com idêntico resultado daquela
beligerante situação. Todos nós quedamos aflitos pela angustia do estado que
não consegue superar o mal animo. Seria este um problema de conscientização da
massa no processo de fermentação? Talvez o seja da bondade política de quem não
tem vontade na arte de ensinar a pescar o pão-nosso-de-cada-dia, considerado o
entesouramento havido na cova de Sésamo.
É fácil cortar despesas no lado fraco. Não é menos
fácil perceber que ao romper este elo a corrente se desfaz, e a riqueza, por
ausência de fluxo no ciclo continuo, estanca na promessa do bem estar falido.
Quando o país vai mal, a receita dos salvadores
gurus consiste em deixá-lo pior,
apertando a corda que o asfixia. O CPMF agrada os que irão comelo. A suspensão
das cestas básicas no hospital das clinicas desagrada aos que dela faziam uso.
Os salários altos do setor público ultrapassado a legalidade são reconhecidos
como estáveis.
Aposentadorias do trabalhador são vilmente usurpadas pela
técnica da inflação declarada abaixo da inflação real, pela correção que jamais
corrige o usurpado durante o ano, pela paridade da moeda para justificar o
aumento de insumos agrícolas, dos remédios e de todo que minora a desgraça de
ser velho. Por acumulo, os juros, que pela constituição de 1988 (art. 192,
parágrafo 3º.) deviam ser de 12 por cento ao ano, foram liberados por ato de
uma mão sem um dedo, sem que ninguém percebesse a sua revogação, mesmo
considerando crime de usura taxas superiores a este limite, já considerados
comissões e quaisquer outras remunerações. Em outro salto de gato, os prestamos
com a garantia da consignação foram elevados desde a altura de vertigem dos 28,92
ao ano (2,14 % ao mês) para outro mais inebriante de 31,39 % ao ano (2,34% ao
mês). No caso de cartão o salto é mais gravoso e sem a menor expectativa de
sair ileso do pulo.
Creio que não é economicamente inteligente para a
nação falar de juros efetivos ao mês. O ciclo normal é de um ano. Todos os
economistas sabem isso. Evidentemente há ciclos maiores, por exemplo, de cinco,
dez ou trinta anos. A nenhuma agencia financeira se lhe ocorreria ofertar os juros capitalizados
nesse período, que são 4.133,79%, considerada a taxa mensal de 2,34%. Para uma
desvalorização real em toda a sua existência frente ao dólar de +/- 400%, o sistema
financeiro arrancou da nação +/- 4000% a uma taxa teórica legal, que na
pratica, considerando um monte de picuinhas acrescentadas aos juros, é muito
superior.
O orçamento doméstico nos aconselha a não gastar
mais do que se ganha. Mera ilusão do economista que não sabe dizer como se pode
viver com o salário mínimo, que é a triste contingência dos infelizes afiliados
ao INSS pela fórmula que repõe migalhas do que arrancou a inflação. È neste
tema que as diversas ordens profissionais deviam vir a publico para denunciar o
assalto ao bolso dos contribuintes por parte do INSS. Este ano, documentado
pelo INPC, perderemos mais de 10%. Num esforço
de gentil esmola, os benefícios serão corrigidos a partir de fevereiro
do próximo ano, quando o preço de todas as nossas necessidades forem corrigidas
pela inflação passada acrescida de expectativas da inflação futura. Entrementes, o comido
pela inflação do ano jamais será reposto, o que significa um adicional imposto
de 10% sobre todo recebido durante o ano.
Vivemos uma epidemia em que todo de bom (minha
casa, minha vida, bolsa família) é criticado para justificar o todo de ruim que
acontece na economia (cartões corporativos, funcionários em excesso, revogação
de leis que não permitiam a usura, juros para justificar a inflação que os
juros provocam, desvalorização da moeda para vender mais com menos valor, igualzinho
ao tempo que se revogava o plano cruzado para não punir o aumento da carne no
pasto e permitir que o pobre continue sendo carne de canhão). O resultado é
muito relevante, pois faz ver que o que se recebe não é suficiente, porem permite
ver onde eles querem cortar. Prender uma pessoa importante apenas é um exemplo
para que outras pessoas importantes sejam um pouco mais prudentes no ato de
roubar. Que de outra forma podemos explicar os anões, o sacolão, o petrolão e
demais atos de caça às bruxas que espreitam por aí para eliminar a safadeza e
corrupção que ronda o País desde longa data?
Sem dúvida, nós temos muita culpa, os economistas
também. Os economistas não participam de nada. Os economistas devem fazer o que
cabe aos economistas e os economistas estão devendo: pagamento do imposto de
uma obrigação ao Conselho pela vontade política do ministro Delfin. Nossos
problemas são mais sérios que o problema monetarista ou estruturalista. O
problema central está na miserabilidade de um país rico que é atacado pelas
fronteiras do mar salgado. Quando Lula vestiu a coroa do poder, o mundo investiu
bilhões de dólares com a cotação do dólar pagando dez obreiros brasileiros com
o preço de um obreiro americano. A indústria zerou a exportação porque o
consumo interno aumentou conforme o desejado.
Ninguém pode ignorar que o poder
aquisitivo aumentou até a reeleição da presidente Dilma. Outra coisa é que uma facção
petista mentia para poder rebaixar esse poder. E o fato alarmante é que o conseguiu
numa fração de tempo radicalmente curto. Como todo chavão, é verdade que o que
vai bem, mal enxerga o que mal vai, cabendo ao primeiro ser sujeito e ao
segundo o correspondente objeto, abjeto da historia.
A meu ver, quatro reais por um dólar é muito, e
recurro a David Ricardo para dar credibilidade a minha visão.
Considerando a
moeda uma mercadoria como outra qualquer, não cabe entender que a unidade dólar
custe muito mais a um brasileiro do que custa o real ao americano, ou ao europeu,
ou ao japonês. Não se argumente com a fútil Idea de que um engenheiro,
economista ou advogado brasileiro, produz quatro vezes menos que os seus equivalentes americanos. Também não se diga que o médico de aqui cuida de menos
pacientes que os de lá. A mesma coisa se diga dos professores. Porem, para o
professor José Vieira Dutra Sobrinho, 4 por um não é muito. Do mesmo modo pensa
o professor Delfin e, recentemente,
também assim o crê o mais jovem guru da economia brasileira, Luis Artur Nogueira.
Dizem que esse diferencial é para conter
o apetite da inflação, sem considerar que a inflação veste botas de sete léguas amparadas
pelos juros, a compra de aviões e insumos vendidos a preço de dólar, às comissões ocultas
e a outras mil maracutaias do cefalópode.
O otimismo é ferramenta clássica da economia. A
partir do momento que pensamos que todo para de piorar, algo pode melhorar. Com
confiança, o consumo aumenta e lá, na esquina, há alguém espreitando para
aumentar os juros ou para botar a correr o interes especulativo de um baixo
astral.
Precisamos boas noticias da economia. Os
economistas não conseguem tirar, da manga, coelho alimentado em terreno seco,
árido e ausente de conteúdo esperançoso. Só sobra falar do PIB, CELIC, câmbio e inflação
para não bater panelas e esconder o problema antigo de safadeza e corrupção.
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