domingo, 1 de noviembre de 2015

SAMBA DO CRIOULO DOIDO

“Quando um economista fala de economia, geralmente está ligado aos bancos”. Considero preocupante a expressão econômica do economista e professor Dutra Sobrinho, gravada pelo Jornal Gente na edição de 31/10/2015.  Haverá que digerir a confissão com extremo cuidado para não cair na tentação de bardos ataques, ou por defesa ou por retaliação do dito em ambiente de entrevista ao jornal.

Evidentemente, todos nesta santa terra somos conduzidos pela ansiedade que provoca a pressão.  O homem público carece de essas pressões ainda mais que o individuo passivo. Independente nem sequer o foi Robinson Crusoé na sua bela ilha da fantasia, o qual recorreu ao auxilio do registro gráfico para conhecer o saldo diário na sua relação com o sol. Também não foi independente Moisés a quem o Senhor determinou que Arão fosse seu embaixador. Alí Babá teve sua astucia dependente dos quarenta ladrões, os quais entesouraram uma enorme fortuna na cova Sésamo.

Os economistas não podem ser diferentes. Os economistas devem agir com cada vez mais força. Devem empunhar a arma da contabilidade aritmética para descobrir os rombos entre a receita e a despesa e atribuir responsabilidade ao verdadeiro responsável, quem, pelo principio da unidade de comando, todos sabemos que é.

Esse Uno indivisível é o único Deus da liturgia econômica capaz de ditar a obrigação de pagar e o direito de recolher. Não obstante, na ordem dos Gastos a competência está mui acirrada e se observa a existência de três anjos competindo com a ordem divina no mesmo nível de entronação.

Todos ditam despesas. No decorrer dos anos se observa que os gastos do Estado crescem mais que os gastos em um estado de guerra. Parece um crescimento sem fim com idêntico resultado daquela beligerante situação. Todos nós quedamos aflitos pela angustia do estado que não consegue superar o mal animo. Seria este um problema de conscientização da massa no processo de fermentação? Talvez o seja da bondade política de quem não tem vontade na arte de ensinar a pescar o pão-nosso-de-cada-dia, considerado o entesouramento havido na cova de Sésamo.

É fácil cortar despesas no lado fraco. Não é menos fácil perceber que ao romper este elo a corrente se desfaz, e a riqueza, por ausência de fluxo no ciclo continuo, estanca na promessa do bem estar falido.

Quando o país vai mal, a receita dos salvadores gurus consiste em  deixá-lo pior, apertando a corda que o asfixia. O CPMF agrada os que irão comelo. A suspensão das cestas básicas no hospital das clinicas desagrada aos que dela faziam uso. Os salários altos do setor público ultrapassado a legalidade são reconhecidos como estáveis. 

Aposentadorias do trabalhador são vilmente usurpadas pela técnica da inflação declarada abaixo da inflação real, pela correção que jamais corrige o usurpado durante o ano, pela paridade da moeda para justificar o aumento de insumos agrícolas, dos remédios e de todo que minora a desgraça de ser velho. Por acumulo, os juros, que pela constituição de 1988 (art. 192, parágrafo 3º.) deviam ser de 12 por cento ao ano, foram liberados por ato de uma mão sem um dedo, sem que ninguém percebesse a sua revogação, mesmo considerando crime de usura taxas superiores a este limite, já considerados comissões e quaisquer outras remunerações. Em outro salto de gato, os prestamos com a garantia da consignação foram elevados desde a altura de vertigem dos 28,92 ao ano (2,14 % ao mês) para outro mais inebriante de 31,39 % ao ano (2,34% ao mês). No caso de cartão o salto é mais gravoso e sem a menor expectativa de sair ileso do pulo.

Creio que não é economicamente inteligente para a nação falar de juros efetivos ao mês. O ciclo normal é de um ano. Todos os economistas sabem isso. Evidentemente há ciclos maiores, por exemplo, de cinco, dez ou trinta anos. A nenhuma agencia financeira  se lhe ocorreria ofertar os juros capitalizados nesse período, que são 4.133,79%, considerada a taxa mensal de 2,34%. Para uma desvalorização real em toda a sua existência frente ao dólar de +/- 400%, o sistema financeiro arrancou da nação +/- 4000% a uma taxa teórica legal, que na pratica, considerando um monte de picuinhas acrescentadas aos juros, é muito superior.

O orçamento doméstico nos aconselha a não gastar mais do que se ganha. Mera ilusão do economista que não sabe dizer como se pode viver com o salário mínimo, que é a triste contingência dos infelizes afiliados ao INSS pela fórmula que repõe migalhas do que arrancou a inflação. È neste tema que as diversas ordens profissionais deviam vir a publico para denunciar o assalto ao bolso dos contribuintes por parte do INSS. Este ano, documentado pelo INPC, perderemos mais de 10%. Num esforço  de gentil esmola, os benefícios serão corrigidos a partir de fevereiro do próximo ano, quando o preço de todas as nossas necessidades forem corrigidas pela inflação passada acrescida de expectativas da inflação futura. Entrementes, o comido pela inflação do ano jamais será reposto, o que significa um adicional imposto de 10% sobre todo recebido durante o ano.

Vivemos uma epidemia em que todo de bom (minha casa, minha vida, bolsa família) é criticado para justificar o todo de ruim que acontece na economia (cartões corporativos, funcionários em excesso, revogação de leis que não permitiam a usura, juros para justificar a inflação que os juros provocam, desvalorização da moeda para vender mais com menos valor, igualzinho ao tempo que se revogava o plano cruzado para não punir o aumento da carne no pasto e permitir que o pobre continue sendo carne de canhão). O resultado é muito relevante, pois faz ver que o que se recebe não é suficiente, porem permite ver onde eles querem cortar. Prender uma pessoa importante apenas é um exemplo para que outras pessoas importantes sejam um pouco mais prudentes no ato de roubar. Que de outra forma podemos explicar os anões, o sacolão, o petrolão e demais atos de caça às bruxas que espreitam por aí para eliminar a safadeza e corrupção que ronda o País desde longa data?  

Sem dúvida, nós temos muita culpa, os economistas também. Os economistas não participam de nada. Os economistas devem fazer o que cabe aos economistas e os economistas estão devendo: pagamento do imposto de uma obrigação ao Conselho pela vontade política do ministro Delfin. Nossos problemas são mais sérios que o problema monetarista ou estruturalista. O problema central está na miserabilidade de um país rico que é atacado pelas fronteiras do mar salgado. Quando Lula vestiu a coroa do poder, o mundo investiu bilhões de dólares com a cotação do dólar pagando dez obreiros brasileiros com o preço de um obreiro americano. A indústria zerou a exportação porque o consumo interno aumentou conforme o desejado. 

Ninguém pode ignorar que o poder aquisitivo aumentou até a reeleição da presidente Dilma. Outra coisa é que uma facção petista mentia para poder rebaixar esse poder. E o fato alarmante é que o conseguiu numa fração de tempo radicalmente curto. Como todo chavão, é verdade que o que vai bem, mal enxerga o que mal vai, cabendo ao primeiro ser sujeito e ao segundo o correspondente objeto, abjeto da historia.

A meu ver, quatro reais por um dólar é muito, e recurro a David Ricardo para dar credibilidade a minha visão. 

Considerando a moeda uma mercadoria como outra qualquer, não cabe entender que a unidade dólar custe muito mais a um brasileiro do que custa o real ao americano, ou ao europeu, ou ao japonês. Não se argumente com a fútil Idea de que um engenheiro, economista ou advogado brasileiro, produz quatro vezes menos que os seus equivalentes americanos. Também não se diga que o médico de aqui cuida de menos pacientes que os de lá. A mesma coisa se diga dos professores. Porem, para o professor José Vieira Dutra Sobrinho, 4 por um não é muito. Do mesmo modo pensa o professor Delfin e,  recentemente, também assim o crê o mais jovem guru da economia brasileira, Luis Artur Nogueira.  Dizem que esse diferencial é para conter o apetite da inflação, sem considerar que a inflação veste botas de sete léguas amparadas pelos juros, a compra de aviões e insumos vendidos a preço de dólar, às comissões ocultas e a outras mil maracutaias do cefalópode.

O otimismo é ferramenta clássica da economia. A partir do momento que pensamos que todo para de piorar, algo pode melhorar. Com confiança, o consumo aumenta e lá, na esquina, há alguém espreitando para aumentar os juros ou para botar a correr o interes especulativo de um baixo astral.

Precisamos boas noticias da economia. Os economistas não conseguem tirar, da manga, coelho alimentado em terreno seco, árido e ausente de conteúdo esperançoso.  Só sobra falar do PIB, CELIC, câmbio e inflação para não bater panelas e esconder o problema antigo de safadeza e corrupção.

No hay comentarios:

Publicar un comentario