jueves, 30 de julio de 2015

ECONOMIA

To Professor Manolo and Arthur Nogueira, aos cuidados da Radio Bandeirantes:

Não consigo entender o raciocínio que leva a considerar que os juros são fator de contenção da inflação. Muito pelo contrario, o aumento de juros tem uma relação direta com a expansão monetária.  Não ha milagre nessa relação conspícua na que o dinheiro é expressão contábil da riqueza de um país.

 Consideremos que essa riqueza é representada por um baú lotado com 100 quilos de papel. Essa expressão de riqueza foi empapada pelo BC e foi ungida pelo dogma da confiança. Pelo método da partida dobrada, a sociedade  deverá registrar todo esse papelão na conta do DEBE ao BC. O BC adquire, como todo bom credor, a razão de dono legítimo de todos os bens da sociedade. Os bens reais da sociedade estão sujeitos a variações em função de muitos fatores, incluindo entre eles os juros. O conteúdo do baú é inelástico, não estica, porque o espaço está saturado com a correspondência ao valor médio real, e não encolhe nem estica por muito que flutue o preço das berinjelas, das batatas, do tomate ou dos ovos. Conhecemos a boa disposição do credor a nunca rebaixar o conteúdo do baú que com tanto esmero guarda ao lado da tabla da lei.

Por uma explicação simplista e conveniente da arquitetura política econômica, os juros embaraçam o consumo de bens e serviços, logo, um aperto na garganta dos consumidores provocará um desequilíbrio entre a oferta e a demanda, fazendo que a economia retorne aos trilhos. Esta é a explicação formal para o aumento dos juros. Ocorre que a GUARDA do baú não está no depósito do consumidor. Ela é guardada a sete chaves no bunker do BC, o qual, por sua vez, está amarrado com grilhões ao BM.

Do lado do débito não há o que fazer, só apertar o cinto e evitar que o atraco entre pela goela. A GUARDA do baú não está no depósito do consumidor. Ele é guardado a sete chaves no bunker do BC, o qual, por sua vez, está amarrado com grilhões ao BM. Os credores, voluntariamente, jamais queimariam quantidade de papel guardado no baú para retornar a condição de equilíbrio.

Na condição de Equilíbrio estável, partindo do mesmo raciocínio, os juros deveriam estar contidos na taxa zero. É adotando essa condição de equilíbrio estável que este humilde colega tece suas modestas considerações.
Pelo poder arbitrário de quem crê que pode sacar vantagem na conta do credor, os juros para os devedores são fixados em 15% da massa albergada no baú (não esqueçamos que a media CELIC dos últimos 20 anos ultrapassa essa media).
Houve uma época em que o professor Delfin ficava contente ao ver como um famoso dirigente sindical determinava a inflação anual pela soma aritmética da inflação mensal. Mesmo assim, no mês de maio lhe aplicava um corretivo aos salários para deixá-los bem aquém da inflação equivocada do futuro presidente.
O BC é muito mais preciso no cálculo do seu crédito. Á taxa anual de 15%  (não esqueçamos que essa taxa é mensal nos cartões de crédito rotativo), em cinco anos o consumidor tem na conta do DÉBITO o baú inicial (principal), mais OUTRO BAÚ (ainda mais pesado) pelo conto dos juros calculados exponencialmente com base nos 15%.

Cálculos são cálculos, e se os juízes determinam que a dívida tenha que ser paga, a decisão tem que ser exercida, com acordo ou sem acordo.
O problema, que ninguém quer considerar, está no fato de que se toda a riqueza do país tem, no seu equivalente papel contábil, todo o conteúdo albergado em um baú, de donde os devedores van sacar papel para encher o segundo baú?

Com minha atrevida insolência me atrevo a adiantar a resposta do querido professor Manolo e a do não menos querido jornalista econômico Artur Nogueira. O BC tem o dom de, em um chispar de dedos e da noite para o dia, imprimir papel  suficiente para encher o segundo baú e mais outros que forem necessários para justificar a duplicação da contrapartida do DÉBITO, isto é, O CRÉDITO.

Os produtores da riqueza do país não são bobos. Logo percebem que todos seus bens (agora, depois de cinco anos) são representados pelo dobro de papel. Com o dobro do papel só podem comprar, em condições de estabilidade real, o mesmo que antes compravam no baú da economia real: necessariamente, o preço determinado em unidades de papel será o DOBRO.  A este fenômeno da economia fiduciária chamamos inflação.

Depois do exposto, chego a conclusão que eu queria rebater: “os juros são ferramenta eficaz no controle da inflação”. Se o BC deseja maior inflação, aumenta os juros; se deseja zerar a inflação, zera os juros. Juros negativos tirariam dinheiro da arca e isso a ninguém interessa. E não falo dos agiotas que eram presos  nos anos pós 64 por cobrar juros de 5% ao ano.

Saudações à equipe da radio dos ouvintes que tem opinião. O Pipoca agradece a atenção e o bom gosto do cafezinho.


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