jueves, 1 de abril de 2010

COISAS DE NENO

Histórias de Morriñoso. Por el mismo
Passaram muitos anos, meu bom amigo Conde, desde aquele momento astronômico em que eu me aproximei sozinho ao monte. Non era muito longe, se cadra, o pé do cume estava no beiral da casa dos meus pais, em frente ao quartel da guarda civil, muito distante das bombas que explodiam a favor e contra o avanzo das tropas aliadas com destino a Berlim. Era primavera, sei no hoje, ainda que daquela ti non o sabias, pois a primavera chega todos os anos sem se importar se alguém coñece o seu nome.  Eu era um menino, cachorro humano na voz meiga do sentimento galego, ávido por querer ver o cuco e outras vidas marcadas pela sombra no monte da armada.
Ainda na penumbra do amañecer, meu conde, no habitáculo da miña morada, eu ouvia os clarins esvoazando, desde o norte, pregoeiros sutis no despertar dos aromas e cores, unidos no languescido e velho espírito das flores, firme no ânimo, eufórico a desencadear um novo renascer. Em seu último suspiro, o inverno esvaia se em lágrimas de orvallo que a primavera soube transformar em gotas de esperanza. Gotas que refletem o momento mágico do circo da vida. A mesma vida que aló, ao longe dos 70 anos, há de ter invídia das primaveras, toleadas por tantos anos passados desde que uma semente de junho foi plantada na rua da flor e coñeceu a vida no confim do inverno. Hoje ouço as sirenas uivar a hora da partida. Os olhos não choram, pois não adianta eu chorar a dor de aquele dia. Por mim chorarão os nenos que, por forza do destino, os meus filhos me deram. Perderán um anaco da vida, como eu senti perder quando atrás do mar deixei a nai chorar a independência da minha adolescência. Foi o destino que assim o quis.
Non vi nem ouvi o cuco. Vi a lechuza e escoitei o seu cantar cando crucei a carretera em direção ao palomar. Non me puxo medo os olhos do buho, nem asustoume o seu pescozo torto, pois a minha nai dosara a minha valentia com leite da casa do caminho e broa de millo moído na lagarteira.
Por eiqui non escoito o silencio do monte. Ouço o murmuio da rua e o piar de pássaros civilizados, señoreando-se no quintal. À noite, agora outono, como as noites de primavera nos meus tempos de crianza, zumba o cielo com incesante brummm de motor de avión, e caravanas de helicoteros pasan ronronado por riba dos rascacielos. A lembranza, em estado de preguiza do sono que non chega, recordame a vaca do cabo Fisterra e o tronar dos cañons da armada em praticas de guerra. Cousas de neno cucado em um dia de primavera do outono austral.

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